quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Votar ou não votar, eis a questão...

Parte 1 _________________________________________________________
Inspirada em William Shakespeare, com a sua famosa expressão "Ser ou não ser,eis a questão" (no original em inglês: To be or not to be, that is the question), a questão que hoje coloco é: votar ou não votar?

Ser ou não ser coerente com o que sentimos e com o que dizemos? Se sim, se somos, então a resposta é VOTAR! Se não somos, então a resposta é não votar. Já pela escolha que fiz, ao escrever uma resposta com letra maiúscula e outra resposta com letra minúscula, estou a dar a entender aquilo que espero que os eleitores façam no próximo domingo, dia 4, ou seja, que VOTEM! Que sejam coerentes, que escolham e participem no que querem para o futuro de todos Nós!


Anda por aí muita contra informação nas redes sociais e por isso importa esclarecer que abster-se de votar, votar em branco ou nulo, não irá mudar, absolutamente, NADA!.

Convém então, ir buscar uma base credível que sustente o que acabei de dizer. Vamos então ver o que diz a CNE – Comissão Nacional de Eleições sobre este assunto:

Os votos em branco, bem como os votos nulos, não sendo votos validamente expressos, não têm influência no apuramento do número de votos obtidos por cada candidatura e na sua conversão em mandatos.
Ainda que o número de votos em branco ou nulos seja maioritário, a eleição é válida e os mandatos apurados tendo em conta os votos validamente expressos nas candidaturas.”
Consultar a fonte aqui
Tudo o que for dito, diferente disto, é MENTIRA! Há por aí muita gente, a quem não agrada a ideia, porque não lhes convém, de cidadãos informados e esclarecidos. Por favor não vão em cantigas!

Parece, também, que há por aí muitos eleitores com receio/ medo de votarem diferente e convém esclarecer e relembrar que o VOTO É SECRETO. E, que quer isso dizer? Que ninguém tem possibilidade de saber em quem votámos. Vamos votar num local sem câmaras de filmar e sem vigilância, isto é não vai estar ninguém a espreitar por cima do nosso ombro para ver onde iremos colocar o nosso X.
Caríssimos eleitores, fiquem descansados e votem em quem a vossa consciência vos indica, sem qualquer tipo de receio de represálias. Quem disser o contrário disto, estará a mentir.

Se por um lado, o voto é secreto, por outro, não é proibido divulgá-lo a quem quiser fazê-lo e por isso declaro, que no próximo dia 4 de outubro, e outra coisa não poderia ser, o meu voto irá para o Nós; Cidadãos!

Pela Cidadania e pelo Bem Comum, apelo a que votem no Nós, Cidadãos! Façam parte da mudança para um Portugal melhor.





Não tenham medo de tentar!

Noélia Falcão

“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que seria nosso pelo simples medo de tentar.”
William Shakespeare

Parte 2 __________________________________________________________
Não posso encerrar este meu artigo, sem aqui deixar um excerto de um discurso que considero brilhante e que fala sobre a alienação e o medo. Espero que este texo ajude à reflexão…


“(…) Depois pensei que vos queria falar da alienação. A alienação é o estado daquele que não é senhor de si e que pode assumir muitas formas: a do alheamento, a da distração, a da sonolência, a do isolamento, a da fuga. Causada umas vezes pelo egoísmo e pela indiferença, outras pela necessidade de anestesiar uma dor insuportável, outras, ainda, pela sensação de impotência, deveríamos ser capazes de a expulsar de dentro dos muros da Academia, porque a nossa razão de existir é em tudo contrária à escravidão do espírito e da vida a que a alienação nos conduz quando não lhe resistimos.
A voz da alienação exprime-se dissimuladamente através de frases que proferimos todos os dias:
«Não é nada comigo» ou «Já bem me bastam os meus problemas» ou «Ah, sim, já ouvi dizer que andam a discutir isso, mas é lá uma coisa deles, ELES é que decidem» ou «Contra isso não posso fazer nada». E serve de justificação para nos escondermos quando deveríamos aparecer, para nos silenciarmos quando deveríamos fazer-nos ouvir, para nos paralisarmos quando deveríamos pôr-nos em movimento, abrindo espaço a que outros decidam por nós, enquanto nós nos retiramos descansada ou sofridamente para o campo da servidão cujo único resultado possível é o de nos tornarmos servos da nossa vida e da vida dos outros, em vez de sermos senhores. Recordei-me, então, de uns versos de Antero de Quental: «Não disputeis, curvado o corpo todo, / As migalhas da mesa do banquete; / Erguei-vos! E tomai lugar à mesa...».
A seguir, pensei que vos queria falar do medo, desse monstro paralisador da criação individual e
coletiva. Do medo do passado ou do medo do futuro, do medo do chefe, do medo de não ser capaz, do medo de decidir, do medo de perder. Do medo objetivo, provocado pela evidência de perigos
reais, e do medo subjetivo, criado pela imaginação mais sombria.
Aos medos há que contrapor a prudência, que não é temerosa mas sensata, que não se assusta mas
vigia, que sabe que ninguém se protege ficando sozinho. Os instigadores do medo, esses hábeis
manipuladores cuja força se alimenta da fraqueza do nosso próprio medo e que contam com os nossos medos objetivos e subjetivos para fazer crescer em nós a desistência, sabem que o medo só cresce na solidão e trabalham consciente e competentemente para nos isolar. E recordei, não conseguindo evitar um sorriso, a reprimenda que Dom Quixote dirige ao seu escudeiro Sancho Pança e que cito a partir da tradução de Aquilino Ribeiro: «Como hás-de ouvir e ver direito se o medo te põe aranheiras nos olhos e nos ouvidos?! Um dos efeitos do medo é turvar os sentidos e fazer com que as coisas pareçam muito outras do que são na realidade.»
Tem razão Dom Quixote: o medo tem de ser banido da Academia com determinação, porque este é um lugar especialmente criado para o Homem se entregar ao exercício da Razão // e a Razão (a par do Conhecimento e da vivência mais plena da Democracia que ele proporciona), a Razão é a nossa melhor arma contra o medo. Mas falar do medo também ajuda a fortalecê-lo - e por isso decidi ser breve neste ponto.
Posteriormente, tive vontade de vos falar de palavras que corremos o risco de perder, por desuso
ou por abuso: «transparência», «participação», «cidadania», «democracia», «justiça», «solidariedade», «civilização», «ética», «confiança», entre muitas outras; e de expressões como «estado de direito», «escrúpulo moral», «serviço público», «estado social». E de outras palavras e expressões que invadiram o discurso público e que, sempre que não as interrogamos seriamente, nos fazem perder o sentido do real, das pessoas e da vida, transformando-os em pura abstração: «desenvolvimento sustentável», «défice estrutural», «emprego sazonal», «desafio societal», «crise», «ajustamento», «reforma», «utente», «problema emergente», «parceiro estratégico», «requalificação»(...)".

(António Branco)

O discurso poderá ser lido na íntegra, aqui.


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