Quando, no ano passado, andei a recolher assinaturas para poder
apresentar uma candidatura independente, de partidos políticos, à Câmara
Municipal de Tavira, estava longe de imaginar que passado tão pouco
tempo iria assistir ao PS (Partido Socialista) andar a angariar
simpatizantes para votarem nas primárias para o secretário geral.
Deparei-me com alguns simpatizantes e militantes do PS que recusaram
assinar a declaração de propositura às eleições autárquicas de 2013.
Tudo bem, pois ninguém é obrigado a assinar. Respeito a opção dessas
pessoas e, amigos como dantes. Mas o que me custou, bastante, foi ter-me
apercebido que alguns não o faziam por receio de represálias.
Em conversa, o candidato socialista disse-me que os estatutos do partido não o permitiam. Na verdade queria já ter lido/ estudado os estatutos para comprovar essa informação, o que ainda não fiz. Contudo, essa situação deixou de ter relevância perante os últimos acontecimentos.
Em conversa, o candidato socialista disse-me que os estatutos do partido não o permitiam. Na verdade queria já ter lido/ estudado os estatutos para comprovar essa informação, o que ainda não fiz. Contudo, essa situação deixou de ter relevância perante os últimos acontecimentos.
Vai de lá, e menos de um ano depois, veja-se o que sucedeu dentro do
próprio PS, um “Kramer contra Kramer” ou neste caso um “António contra
António”. E esta, hem? E agora, afinal isto não está nos estatutos...
Tenho pensado bastante sobre a atitude de António Costa e não consigo
deixar de sentir alguma simpatia pela coragem que teve. Têm-no acusado
de muitas coisas, de entre as quais de oportunismo e de traição. E,
será?!..
Não me parece! Cada um deles “defende a sua dama”(posição) e “puxa a brasa à sua sardinha”, como é da praxe.
Com isto tudo os socialistas dividem-se e degladiam-se pelo poder. O
partido enfraquece, a oposição enfraquece, os argumentos enfraquecem e o
país perde, ou talvez não... afinal, a partir de agora nada será como
dantes! E isso poderá ser bastante positivo.
Um homem, militante
do partido socialista e presidente da maior autarquia do país decidiu
sair da “janela do seu município”, onde parece tem estado a fazer um bom
trabalho, do agrado de grande maioria dos seus munícipes e desafiou o
secretário geral do seu partido para um “duelo”, deixando muita gente
desorientada. Sim, desconfio que haja muita gente assustada com a
possibilidade do “tacho” lhe poder fugir. Acredito que há muita gente
responsável e honesta neste partido, assim como há nos outros, mas a
verdade é que têm sido os menos honestos e com menos sentido de Estado
que têm, precisamente, estado na ribalta. Não sei porquê, mas os bons
não se têm conseguido sobrepor e têm sido os “Armandos Varas” e outros
que tais deste país a dar cabo disto, de um lado (PS) e do outro (PSD),
os principais (mas não únicos) culpados pela situação miserável a que
chegámos.
Tanto António José Seguro como António Costa
acompanharam, sem contrariar, as decisões políticas dos seu secretário
geral e anterior primeiro ministro deste país, período durante o qual,
Portugal mais se afundou no pós 25 de Abril. E quando Portugal se
afunda, somos todos nós que nos afundamos! E, eles, estiveram e
acompanharam o “afundanço”. Mas, num partido como o PS, com uma máquina
muito pesada, onde impera o “se não estás comigo, estás contra mim e a
atraiçoar-me”, acredito que teria sido muito difícil a estes homens
mudarem o rumo das coisas.
Também, talvez por isso, António Costa tenha decidido avançar. E, admitamos, teve coragem.
Perante tudo isto, não deixo de me divertir, ligeiramente, com toda
esta situação, pois de um lado vejo um homem calmo, consciente da sua
decisão, que, segundo ele, se baseou num imperativo de consciência e por
outro, vejo um homem que se diz atraiçoado por um camarada e que deve
já estar a ver o seu lugar de secretário geral por um fio.
Não,
não me inscrevi como simpatizante para poder votar num dos dois. Não
saberia em quem votar, deixo essa tarefa aos socialistas.
Apesar
das dúvidas, não consigo deixar de sentir uma maior inclinação pela
vitória de António Costa. Pressinto que será o desfecho mais natural
para esta batalha. A maioria dos militantes mais activos até poderá
estar com Seguro, mas a maioria dos novos simpatizantes parece preferir
Costa. Talvez esperançados de que a sua coragem não se fique por aqui (a
mesma coragem que teve para avançar contra os fortes ventos e marés do
pesado aparelho partidário).
Deixo, no entanto, registado que não apreciei nada a sua oposição à redução de deputados de 230 para 180.
Com todo este cenário movediço em que nos encontramos e em que os
cidadãos continuam muito alheados da política e do exercício de
cidadania, parece-me que a disputa principal continuará a ser entre PSD e
PS.
Quanto à acusação que Seguro faz a Costa, de traição e de
não ter avançado no momento certo, confesso que apreciei que António
Costa tenha avançado. Afinal a situação mudou, as circunstâncias são
diferentes e os motivos que levaram a que não se tivesse candidatado, na
altura, provavelmente deixaram de lhe fazer sentido. Precisamos de
pessoas que não se acomodam e que não ficam prisioneiras a falsas
lealdades e moralidades e isto não tem, em minha opinião, nada de
incoerente e de traiçoeiro. Tem é muito de incómodo, ai isso tem!
Espero é que haja, nas próximas eleições, uma diminuição substancial da
abstenção e que os portugueses confiem o seu voto aos partidos de menor
representatividade e permitam que outros mais recentes, como o LIVRE, o
PAN e outros que possam, ainda, vir a surgir possam conquistar lugares
no parlamento. Afinal, se estamos fartos dos mesmos, então vamos lá dar
oportunidade a outros. Ousemos mudar, ousemos confiar e dar o benefício
da dúvida.
Em suma: ousemos e, acima de tudo, PARTICIPEMOS. Se
nada fizermos, tudo continuará na mesma ou pior ainda. É isso que
queremos? Continuarmos a ser os sacrificados pelos erros dos outros? EU,
NÃO!!!
E tanto não quero, que tenho refletido, bastante, sobre o
caminho a seguir. Não procuro um caminho onde me possa dar bem, para
isso já o teria feito há muito tempo, mas procuro um caminho onde possa
ser mais útil ao meu país. Felizmente, já encontrei o meu rumo e a
partir de agora estarei com todos os cidadãos descontentes que se revêm
nos princípios da organização política “Nós, Cidadãos”. Vou, portanto,
andar por aí preparada para a recolha de assinaturas para que o “Nós”
possa vir a ser um partido político a disputar as próximas legislativas.
Peço a todos os que leram até este ponto e que, tal como eu, estão
muito descontentes, que consultem a página do “Nós, Cidadãos”, no
Facebook:
https://www.facebook.com/groups/nos.cidadaos/
https://www.facebook.com/groups/nos.cidadaos/
Acredito que mudar é possível, temos é que fazer por isso!
Noélia Falcão