quarta-feira, 29 de junho de 2011

Flagrantes da Vida Real - Perigos, Sustos e Apelo

Andava já a pensar no tema que haveria de escolher para escrever aqui no meu blogue, onde, já algum tempo, não escrevo nada. Mas para escrever são necessários, no mínimo: um tema, inspiração, disponibilidade (tempo) e disponibilidade (mental), o que não tem abundado.

Hoje, infelizmente, o tema atravessou-se à minha frente e não posso deixar para amanhã... apanhei um susto de morte! Por uma “unha negra” não atropelei uma menina para aí dos seus seis anos (mais ou menos), por volta das 18:30 (28/06/2011). Tinha ido com a minha filha do meio, buscar o meu filho ao Infantário e dirigia-me para casa. Recordo-me de ele me ter dito “olha mãe” e eu respondi-lhe. “olha filho, a mãe agora não pode olhar para ti, tem que ir com atenção a olhar para a estrada, senão ainda bate nalgum carro.” Entretanto, passei por uma passadeira, daquelas elevadas (junto ao cruzamento para a Escola D. Paio), o que me levou a abrandar e pouco mais à frente está logo outra passadeira, mas normal. Ia muito calmamente, quando de repente vejo uma menina em cima da passadeira, mesmo à minha frente. Travei, gritei com o pânico e o meu carro imobilizou-se a escassos milímetros dela... o meu coração quase me saltou do peito e devo ter ficado branca.

Os condutores que vinham do outro lado da estrada e que se aperceberam, não hesitaram em condenar-me logo, só não me atiraram pedras porque não tinham à mão!... “Então, não viu a miúda atravessar a passadeira?” – Queria vê-los a eles no meu lugar, claro que não vi, ela não estava lá... atravessou de repente! As pessoas que estavam na rua a mesma coisa, a olhar-me como se eu fosse uma criminosa!

Estacionei o carro mais à frente, deixei os meus filhos lá dentro e fui ter com ela e com os adultos que se encontravam no outro lado da rua, ver como estava e se o carro lhe teria chegado a tocar. Respondeu-me um Senhor “ela está bem, foi só o susto, felizmente!”

Eu, em lágrimas, abracei-a, dei-lhe um beijinho e pedi-lhe: “minha querida, não voltes a atravessar a passadeira daquela forma!” Primeiro paras, olhas e só atravessas se não vier nenhum carro está bem?” Ela acenou-me que sim com a cabeça. As pessoas que assistiram ficaram em silêncio perante a minha postura de enorme preocupação e nervosismo. Mas a mim o que mais me preocupa não é o que possam ter dito ou pensado, foi o perigo imenso a que aquela criança esteve exposta. Eu vinha devagar, mas atrás de mim vinha um carro que se notava muito apressado e com vontade de me ultrapassar e só não o fez porque não teve oportunidade... se tivesse sido com esse, não sei se ela teria tido a mesma “sorte”...

Não é a primeira vez que apanho grandes sustos com peões que se “atiram” literalmente para cima das passadeiras, sem sequer olhar para a dt.ª ou para a esq.ª, mas uma situação como a de hoje, de perigo eminente de atropelamento de alguém e ainda por cima de uma criança, foi a primeira vez!

Já tenho comentado sobre este assunto no Facebook, da falta de civismo que existe por parte de grande maioria de peões, mas preocupa-me muito mais quando se trata de crianças e adolescentes...., é mau sinal, muito mau sinal! Sinal de que não os ensinam devidamente a atravessar numa passadeira. Não lhes ensinam o princípio do “Pare, escute e olhe!” Eles, mesmo que a culpa seja do condutor, são sempre o elo mais fraco porque só têm o corpinho, nós (condutores), temos a chapa do carro que nos protege.

Regressei para o carro em estado de choque, com as lágrimas a escorrer pelo rosto e disse aos meus filhos: “Estão a ver porque é que a mãe está sempre a dizer que é preciso muito cuidado a atravessar a estrada ou a rua e que temos que olhar sempre e ter a certeza de que o carro parou para podermos atravessar?!”

Enfim, um grande susto... mais um!...

Para quem conhece Tavira, isto foi na segunda passadeira a seguir ao cruzamento para a Escola D. Paio Peres Correia. Eu vinha a descer a Av. Dr. Eduardo Mansinho em direcção à rotunda junto à “BP” e à Balsense.

Este meu texto (relato/ testemunho), para além de um desabafo é muito mais um APELO que aqui deixo: ATENÇÃO ao atravessar as passadeiras! Ensinem as V/ crianças, ensinem todas s crianças que vejam que não procedem correctamente, partilhem este meu testemunho. Só assim poderemos evitar desgraças maiores.

Aos condutores que me “atiraram pedras”, caso leiam o que aqui digo, certamente que saberão que me dirijo a eles: só espero que nunca passem pelo mesmo, mas se alguma vez tiverem esse azar, lembrem-se de mim!... Nesse dia irão perceber porque não vi a menina a atravessar a estrada na passadeira...

Quanto à menina, pobre inocente, nem se apercebeu do enorme risco que correu, eu fiquei muito mais assustada e em estado de choque do que ela... (são crianças, são inocentes, não têm a noção do perigo).

Noélia