domingo, 15 de dezembro de 2019

O Manifesto ao Manifesto

O meu Manifesto ao Manifesto:
"Por um Projeto de Cidade para Tavira"

1. Manifesto-me a favor do manifesto, que aplaudi, de pé, após a sua leitura pela arquiteta Ana Isabel Santos, na última Assembleia Municipal, que ocorreu dia 10 do corrente mês.

2. Congratulo-me e sinto orgulho, por tão grande grupo de ilustres arquitetos, dos quais tenho a honra de conhecer, pessoalmente, o mais idoso e uma das mais jovens, nomeadamente, os meus estimados Pedro Mestre e Ana Isabel Santos, se tenham juntado em nome da defesa de uma cidade, que é a nossa.

3. Não posso subscrever, na íntegra, o referido manifesto, em virtude de não sentir legitimidade, enquanto Tavirense conhecedora deste projeto, há muito, e nada ter feito, vir agora, muito depois da hora, pedir à Câmara, para suspender uma obra que já começou.

4. Sinto que, o surgimento deste manifesto, só agora, bastante tardiamente, contradiz o seu próprio espírito, pelo que o subscrevo para o futuro, para o pós ponte, que já está a ser construída. E é um processo irreversível, segundo a Presidente da autarquia.

5. Não sendo arquiteta, nem engenheira, pergunto aos entendidos, no geral, se uma ponte com uma estrutura mais leve, não iria mais depressa na enxurrada, em caso de voltar a haver uma como a de 1989? E, havendo uma como a de 1989, o primeiro embate não será sempre a velhinha e mais frágil ponte dita "Romana"? Lá estará ela, sempre, para amortecer os embates e proteger a que agora se constrói.

6. Compreendo e aceito a decisão da Presidente da Câmara, em não suspender a obra e por tudo o que já li, observei e refleti, no lugar dela, tomaria a mesma decisão.

7. Convido cada um dos subscritores do manifesto a colocarem-se no lugar da Presidente da Câmara e a pensar com sentido de responsabilidade e tendo em conta todo o percurso deste projeto, sobre qual a decisão que tomariam.

8. Convido cada um dos subscritores do manifesto a colocarem-se no lugar do autor do projeto (que não conheço), a refletirem, seriamente, em como se sentiriam, ao verem assim, colocado em causa o seu projeto e, também, como profissionais, no momento do início da obra.

9. Pelo que ouvi da Presidente, esta já se disponibilizou para que seja estudada uma alternativa ao corte do jardim Público. E com isso já recebeu um chorrilho de críticas por não haver um projeto definido. Quer-me parecer que o projeto estava definido, e já foram dados sinais para que haja alterações a essa parte tão controversa do corte do Jardim. O que é um bom sinal, no meu entender.

10. Obviamente que sou contra o corte do jardim para fazer passar trânsito. Mas isso já o disse por diversas vezes.

11. Volto a repetir, subscrevo o manifesto, para o futuro. A ponte já é passado, já foi aprovada e iniciada a sua obra. 

12. Não me parece, que esta ponte, vá ser a maior aberração de Tavira, essa já lá está, é um caixote enorme que ofende a paisagem, é uma autêntica poluição visual, que se avista de todo o lado da cidade. O projeto inicial, com o estacionamento subterrâneo não o seria, mas a obra final é.

13. Considero que não devemos ir buscar erros para desculpar outros erros, muito menos erros do passado, para desculpar erros atuais, mas o maior erro foi o termos acordado tarde. Sim, todos nós, os que gostaríamos de uma ponte mais discreta, leve e suave.

14. Há imenso tempo que se fala na ponte e há imenso tempo que o projeto anda por aí, nas redes sociais a ser partilhado e comentado.

15. Agradeço, na qualidade de cidadã Tavirense, aos subscritores do Manifesto, pela preocupação com esta terra que é uma verdadeira preciosidade. Este manifesto é e será uma mais valia para a defesa do nosso património cultural e uma chamada de atenção, em Tavira e a nível nacional, da importância da preservação e salvaguarda do património cultural.

16. Deixo um repto para que enviem um Manifesto ao Governo, "Por um Projeto de País para Portugal", para que não estraguem o que ainda sobra deste nosso belo e maravilhoso país.

Assinado:

Noélia Simão


Algumas notícias sobre a construção da ponte:

A origem da história da ponte provisória que agora se substitui.
04/12/1989:
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/temporal-no-algarve/

22/10/2015:




domingo, 22 de setembro de 2019

A última "obra"... o Monte de Entulho

No dia 10 de Setembro, coloquei no meu Facebook uma questão muito simples e direta. Sabia que ninguém iria saber a resposta. Não era fácil e, em bom rigor, talvez a pergunta não tenha sido bem feita, isto é, o termo utilizado "obra" não é o mais adequado, mas confesso que não sei bem como hei-de caracterizar o monte de entulho, se de obra ornamental, obra de arte, instalação, embelezamento paisagístico... não sei!

Uma coisa é certa, e "contra factos, não há argumentos", "aquilo", não aprovado e sem projeto e portanto ilegal, passou a estar legal, a partir do momento em que a obra mãe foi legalizada e passada a vistoria e todas as licenças necessárias para a abertura e funcionamento do centro comercial.

A obra mãe, o centro comercial Tavira Gran-Plaza, de onde nasceu e ficou a ornamentar a zona, este arranjo paisagístico, o "Monte de Entulho", a "última obra" ilegal e tacitamente (creio que é este o termo), legalizada por força da legalização da obra que lhe deu corpo, sem a exigência da obrigatoriedade de se retirar o entulho.

E assim, ano após ano e já lá vão dez anos, que ali se encontram depositados os restos mortais, dessa grandiosa obra que foi o Centro Comercial, o seu entulho. Não sei se todo, se parte, mas que é, ai isso é. Na pressa da legalização da obra, para que a mesma pudesse ser inaugurada no último mandato do Presidente Eng. e Arquiteto Paisagista, em ano de eleições, era importante tê-la no seu curriculum e vai de lá, qual entulho, qual quê, vamos mas é à legalização da dita, que o resto são pormenores... e não interessam nada. E assim, o empreiteiro, uma grande e reputada empresa, foi à sua vidinha sem ter que cumprir com a básica e elementar limpeza da área que poluíram. Na minha opinião, a culpa é de quem licenciou sem os obrigar à retirada do entulho.

Pois é, desiludidos?... 

Lamento, mas que eu saiba, esta foi a última obra, ilegal, que passou a estar legal, pela legalização da obra que lhe deu origem e ali ficou e ficou e foi ficando.

Já tinham reparado neste arranjo paisagístico?...

Já eu, como passo por ali todos os dias, reparo e reparei no antes e no depois. Sempre acreditei e tive esperança de que mandassem retirar o entulho, mas tal não aconteceu e ali está para quem o quiser apreciar e comprovar a sua existência. E garanto que aquele monte de entulho não estava ali, antes das obras do centro comercial. Ai não estava, não!







terça-feira, 2 de abril de 2019

Não confiar em quem???!...


Carta aberta a esse “meu grande e querido amigo” Macário Correia (MC), no seguimento do artigo publicado no Jornal Postal do Algarve intitulado Macário Correia: não confiar no Estado.


Estimado MC,


Que artigo tão bonito, parabéns! É assim mesmo, temos que denunciar o que está mal, não podemos compactuar com estas coisas, de maneira nenhuma. Temos que ser exigentes e contribuir para vivermos numa sociedade melhor, onde este e outro tipo de situações não se repitam. Estou contigo, como é óbvio.


Olha no meu caso, vê tu bem, meu caro amigo, sempre preocupado com os cidadãos. Todos os políticos fossem como tu e escutassem o que dizes. Mas ia eu dizendo que, vê bem, que sofro e batalho desde 2009, como muito bem sabes, contra um problema grave de um tal Presidente da Câmara, com um nome igual ao teu. O fulano, autorizou a implementação de uma coleção de máquinas ruidosas, que expelem muito  e ruidoso ruído em direção à minha casa. Desde 2009, que não vivo, tento sobreviver, por conta daquela zoeira infernal. Vivo em agonia e tormento e à conta disso já arranjei uma coleção de problemas de saúde.


E o tipo, grande cobardolas, sempre fugiu de mim, nunca me atendeu e não mexeu uma palha, uma palhinha, sequer, para resolução de um problema que atormenta a saúde e vida de uma cidadã, sensível e intolerante àquele tipo de ruído e que vive atormentada dentro da sua própria casa, tal como se vivesse, naqueles tempos terríveis, na Prisão do Aljube a ser torturada e massacrada.


O que é isso? Estão parvos? Então agora ía lá deixar de fazer obra por causa de uma cidadã que sofre?!... Deixem mas é de ser piegas!!!  E não me venham cá com essas conversitas do direito dos cidadãos e de que, hoje em dia, os direitos de personalidade sobrepõem-se aos direitos económicos, que não quero cá saber de nada disso! Era só o que me faltava… (Deve ele ter pensado, e se não pensou, agiu como tal).


Se fosses tu, meu estimado amigo, com essa humildade e preocupação, que te caracterizam, em relação a toda a gente, que padece do que quer que seja, e sempre preocupado com as questões sociais e ambientais, estou absolutamente certa de que nunca teria tido semelhante problema. Já viste o que é, uma pessoa escolher um local calmo para viver, junto a um descampado, na altura, ainda classificado como zona industrial, que veio, num abrir e fechar de olhos, a ser reclassificada como zona comercial e num outro abrir e fechar de olhos a ser aprovado um mamarracho daqueles com toda aquela parafernália de turbinas viradas para a casa de uma pessoa?!...  Com o mamarracho, que era para ser muito mais baixo (com o estacionamento que era para ter sido subterrâneo), ainda posso eu bem, mas com o RUÍDO é que não, socorro, salvem-me!

Essa história de terem permitido o edifício mais alto, com a alteração da subida dos pisos subterrâneos também me faz muita confusão e é uma história muito mal contada e pena tenho eu, muita mesma, que não tenha havido uma investigação rigorosa sobre a construção daquele Centro Comercial. Tanto é, que as portas de saída de emergência que se encontravam a nível do solo, lá estão bem visíveis no 2.º andar. Estranho, muito estranho… Será para as pessoas saltarem de lá? Terão colchões insufláveis cá em baixo para amortecer a aterragem?...

Tu, meu caro amigo, um homem tão atento e informado, sabes alguma coisa disso?

Não gosto e não sou de desejar mal a ninguém, e não o vou fazer… desejo tão simplesmente que a vida lhe sirva, com juros, um tormento de igual intensidade, como o que ele colocou na minha.

Termino, com a transcrição de uma parte do texto do artigo, Macário Correia: Não confiar no Estado, que retrata bem a forma como considero que um político honesto e imbuído do espírito de missão de serviço público, deve agir, de forma responsável e competente, em defesa e promoção do bem comum:

“Se os dirigentes fossem responsáveis e competentes não deixavam as coisas chegar a este ponto. Certamente que o sabem mas não querem ou não são capazes de resolver coisas destas.

Por estas e outras semelhantes, que poderia contar às dezenas, ficamos tristes pela miséria de serviços e de dirigentes que nos fazem perder tempo e gastar recursos inutilmente e ainda por cima temos que trabalhar para pagar os 700 mil funcionários do Estado e as suas mordomias crescentes, mais uns milhares de dirigentes com cargos políticos e partidários e primos uns dos outros certamente.

Triste sina a nossa, a de estarmos dependentes desta gente.

Por estas e outras não aconselho ninguém a confiar no Estado. Uma tristeza.

Mas não nos devemos resignar. Há que reclamar alto e bom som contra esta gente que nos rouba tempo e dinheiro a cada instante.

Servi o Estado durante 30 anos e não foi isto que fiz, nem aconselhei ninguém a não trabalhar ou trabalhar mal.” (CM)


Pena, que a maioria não seja como tu, esse homem íntegro, justo, honesto, sempre preocupado com o seu semelhante, com o bem-estar da população, que nunca descriminou ninguém, nunca favoreceu ninguém, em prejuízo de outros, que nunca cometeu nenhuma ilegalidade, nunca colocou uma vírgula fora do sítio, nunca foi condenado por nada, com um currículo impoluto e o sejam, como o outro hipócrita, que infelizmente até tem o mesmo nome que tu. Olha eu, já tinha trocado de nome…

A sorte é que toda a gente vos sabe distinguir, muito bem. É como distinguir o bem do mal…
E o de saber que representas o “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.”

Bem hajas, MC!

Triste sina a minha, a de ter estado dependente e à mercê do mal, pelas mãos de um desses; dessa gente que, muito bem, referes.

Noélia Simão
(Também funcionária do Estado, ou corretamente dizendo, da Administração Pública).

http://www.congreso.es/docu/docum/ddocum/dosieres/sleg/legislatura_10/spl_100/pdfs/68.pdf


http://www.postal.pt/2019/04/jose-macario-correia-nao-confiar-no-estado/?fbclid=IwAR18qaZpCY2_jjA6eagpFucPxZ_0F9YNW1deS2yTYPgnodeYVp7GBty8dHU



P.S. - Pena que este MC a quem a esta carta se dirige não exista... é apenas resultado de um imaginário que sonha com governantes à altura da missão.