terça-feira, 2 de abril de 2019

Não confiar em quem???!...


Carta aberta a esse “meu grande e querido amigo” Macário Correia (MC), no seguimento do artigo publicado no Jornal Postal do Algarve intitulado Macário Correia: não confiar no Estado.


Estimado MC,


Que artigo tão bonito, parabéns! É assim mesmo, temos que denunciar o que está mal, não podemos compactuar com estas coisas, de maneira nenhuma. Temos que ser exigentes e contribuir para vivermos numa sociedade melhor, onde este e outro tipo de situações não se repitam. Estou contigo, como é óbvio.


Olha no meu caso, vê tu bem, meu caro amigo, sempre preocupado com os cidadãos. Todos os políticos fossem como tu e escutassem o que dizes. Mas ia eu dizendo que, vê bem, que sofro e batalho desde 2009, como muito bem sabes, contra um problema grave de um tal Presidente da Câmara, com um nome igual ao teu. O fulano, autorizou a implementação de uma coleção de máquinas ruidosas, que expelem muito  e ruidoso ruído em direção à minha casa. Desde 2009, que não vivo, tento sobreviver, por conta daquela zoeira infernal. Vivo em agonia e tormento e à conta disso já arranjei uma coleção de problemas de saúde.


E o tipo, grande cobardolas, sempre fugiu de mim, nunca me atendeu e não mexeu uma palha, uma palhinha, sequer, para resolução de um problema que atormenta a saúde e vida de uma cidadã, sensível e intolerante àquele tipo de ruído e que vive atormentada dentro da sua própria casa, tal como se vivesse, naqueles tempos terríveis, na Prisão do Aljube a ser torturada e massacrada.


O que é isso? Estão parvos? Então agora ía lá deixar de fazer obra por causa de uma cidadã que sofre?!... Deixem mas é de ser piegas!!!  E não me venham cá com essas conversitas do direito dos cidadãos e de que, hoje em dia, os direitos de personalidade sobrepõem-se aos direitos económicos, que não quero cá saber de nada disso! Era só o que me faltava… (Deve ele ter pensado, e se não pensou, agiu como tal).


Se fosses tu, meu estimado amigo, com essa humildade e preocupação, que te caracterizam, em relação a toda a gente, que padece do que quer que seja, e sempre preocupado com as questões sociais e ambientais, estou absolutamente certa de que nunca teria tido semelhante problema. Já viste o que é, uma pessoa escolher um local calmo para viver, junto a um descampado, na altura, ainda classificado como zona industrial, que veio, num abrir e fechar de olhos, a ser reclassificada como zona comercial e num outro abrir e fechar de olhos a ser aprovado um mamarracho daqueles com toda aquela parafernália de turbinas viradas para a casa de uma pessoa?!...  Com o mamarracho, que era para ser muito mais baixo (com o estacionamento que era para ter sido subterrâneo), ainda posso eu bem, mas com o RUÍDO é que não, socorro, salvem-me!

Essa história de terem permitido o edifício mais alto, com a alteração da subida dos pisos subterrâneos também me faz muita confusão e é uma história muito mal contada e pena tenho eu, muita mesma, que não tenha havido uma investigação rigorosa sobre a construção daquele Centro Comercial. Tanto é, que as portas de saída de emergência que se encontravam a nível do solo, lá estão bem visíveis no 2.º andar. Estranho, muito estranho… Será para as pessoas saltarem de lá? Terão colchões insufláveis cá em baixo para amortecer a aterragem?...

Tu, meu caro amigo, um homem tão atento e informado, sabes alguma coisa disso?

Não gosto e não sou de desejar mal a ninguém, e não o vou fazer… desejo tão simplesmente que a vida lhe sirva, com juros, um tormento de igual intensidade, como o que ele colocou na minha.

Termino, com a transcrição de uma parte do texto do artigo, Macário Correia: Não confiar no Estado, que retrata bem a forma como considero que um político honesto e imbuído do espírito de missão de serviço público, deve agir, de forma responsável e competente, em defesa e promoção do bem comum:

“Se os dirigentes fossem responsáveis e competentes não deixavam as coisas chegar a este ponto. Certamente que o sabem mas não querem ou não são capazes de resolver coisas destas.

Por estas e outras semelhantes, que poderia contar às dezenas, ficamos tristes pela miséria de serviços e de dirigentes que nos fazem perder tempo e gastar recursos inutilmente e ainda por cima temos que trabalhar para pagar os 700 mil funcionários do Estado e as suas mordomias crescentes, mais uns milhares de dirigentes com cargos políticos e partidários e primos uns dos outros certamente.

Triste sina a nossa, a de estarmos dependentes desta gente.

Por estas e outras não aconselho ninguém a confiar no Estado. Uma tristeza.

Mas não nos devemos resignar. Há que reclamar alto e bom som contra esta gente que nos rouba tempo e dinheiro a cada instante.

Servi o Estado durante 30 anos e não foi isto que fiz, nem aconselhei ninguém a não trabalhar ou trabalhar mal.” (CM)


Pena, que a maioria não seja como tu, esse homem íntegro, justo, honesto, sempre preocupado com o seu semelhante, com o bem-estar da população, que nunca descriminou ninguém, nunca favoreceu ninguém, em prejuízo de outros, que nunca cometeu nenhuma ilegalidade, nunca colocou uma vírgula fora do sítio, nunca foi condenado por nada, com um currículo impoluto e o sejam, como o outro hipócrita, que infelizmente até tem o mesmo nome que tu. Olha eu, já tinha trocado de nome…

A sorte é que toda a gente vos sabe distinguir, muito bem. É como distinguir o bem do mal…
E o de saber que representas o “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.”

Bem hajas, MC!

Triste sina a minha, a de ter estado dependente e à mercê do mal, pelas mãos de um desses; dessa gente que, muito bem, referes.

Noélia Simão
(Também funcionária do Estado, ou corretamente dizendo, da Administração Pública).

http://www.congreso.es/docu/docum/ddocum/dosieres/sleg/legislatura_10/spl_100/pdfs/68.pdf


http://www.postal.pt/2019/04/jose-macario-correia-nao-confiar-no-estado/?fbclid=IwAR18qaZpCY2_jjA6eagpFucPxZ_0F9YNW1deS2yTYPgnodeYVp7GBty8dHU



P.S. - Pena que este MC a quem a esta carta se dirige não exista... é apenas resultado de um imaginário que sonha com governantes à altura da missão.

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