terça-feira, 6 de outubro de 2015

Entre o mau e o péssimo... sinais positivos do eleitorado

No Reino Unido, o The Guardian diz que “Portugal prepara-se para eleger coligação pró-austeridade”. O diário inglês escreve que Portugal pode "fazer história" ao tornar-se no "primeiro país da Europa resgatado financeiramente a reeleger um Governo que impôs duras e impopulares medidas de austeridade".
 
A BBC escreve que a "coligação espera sobreviver à raiva da austeridade” e que alguns analistas questionam-se como é possível que um Governo que implementou medidas tão punitivas para o eleitorado possa estar na iminência de ser reeleito, com a cadeia britânica a mencionar cortes, aumentos de impostos, emigração e desemprego.
 
Nos Estados Unidos, a norte-americana CNBC titula simplesmente “este país prepara-se para apoiar a austeridade”. 

A CNBC diz que Portugal prepara-se para "apoiar mais cortes e aumentos de impostos" a confirmar-se a vitória da coligação nas eleições de domingo, destacando ainda o facto "histórico" de um primeiro-ministro de medidas impopulares poder ser reeleito.  Veja o artigo completo aqui.


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O que para uns é mau sinal, eu vejo como um sinal positivo, de inteligência deste povo que saiu à rua para mostar um cartão vermelho ao PS, um amarelo à coligação e cartões verdes ao Bloco de Esquerda, ao PAN e aos novos partidos recém chegados à cena política: o Livre/ Tempo de Avançar; o PDR; o JPP; o Nós, Cidadãos!, coligação Agir e o PURP.

Não me venham com teorias disto e daquilo, os eleitores portugueses estão de parabéns e deram um sinal inequívoco de que não querem a continuação da austeridade cega e por isso a coligação não obteve uma maioria e levou cartão amarelo. Por outro lado, entre escolher entre o mau, a coligação da austera austeridade e o  péssimo, o partido com maiores responsabilidades por termos chegado ao estado deplorável a que chegámos, escolheu ficar-se pelo mau e mostrou cartão vermelho ao PS, ao dizer que não o querem como governo. A meu ver, é tão simples quanto isso. Sinais de mudança e de descontentamento podem ser vistos nos resultados do Bloco de Esquerda e do PAN. Tratando-se de um povo conservador, há que fazer leituras destes resultados e informar a imprensa estrangeira que não estamos nada a aprovar a austeridade. Estamos é a evitar que venham os mesmos que nos colocaram nesta camisa de forças. Naturalmente, que deve haver por aí muita gente que não queira ler as coisas desta forma, o que entendo...


Para mim são sinais positivos do eleitorado que me fazem ter mais confiança no futuro. Afinal, estamos alerta e atentos!

Quanto ao Bloco, que de esquerda é, deverá no meu entender, entender-se, com a coligação de direita e aproveitar para negociar alguns dos pontos do seu programa. Por mim, podem começar logo com a exigência da eliminação de portagens na Via do Infante, que foi, certamente, um dos motivos que levou muitos eleitores algarvios a votar para que o João Vasconcelos, o homem anti-portagens, fosse eleito. Provavelmente, nem tudo será tão fácil assim, mas por vezes as pessoas, também, complicam demasiado.

"Et voilá", eis a minha leitura dos resultados e parabéns e obrigada aos eleitores que promoveram esta mudança, que pode parecer um pequeno passo, mas que não foi assim tão pequeno, tal como nos mostram os números: 167.279 votos é a soma do resultado obtido pelos seguintes novos partidos e coligação:

PDR: 60.934
Livre: 38.981
AGIR: 20.705
Nós, Cidadãos: 18.707
JPP: 14.201
PURP: 13.751

E há, ainda, a acrescentar a diferença de votos que o Bloco e o PAN obtiveram das últimas eleições para estas. E digam-me depois que não houve mudança!...

Permitam-me que reforce o agradecimento aos 18.000 eleitores que depositaram o seu voto de confiança no Nós, Cidadãos. Bem hajam!

Pela Cidadania e pelo Bem Comum,

Noélia Falcão



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