quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A Ilha de Tavira

Já falei bastante sobre a ilha de Tavira, e a distinção feita pela Lonely Planet a este nosso paraíso quase perdido não me deixa absolutamente nada entusiasmada, o que é de lamentar! Porquê? É simples:

- A ilha é cada vez mais um espaço de muita confusão, ruído e falta de respeito. Aquele amplo espaço de todos e para todos é cada vez mais só de alguns e de algumas coisas.

- Não sei em que altura é que o pessoal da Lonely Planet visitou a ilha de Tavira e quais foram os critérios utilizados. Atrevo-me a dizer que duvido que tenha sido em pleno mês de Agosto e também duvido que tenham trazido crianças, assim como também não me parece que tenham pernoitado no parque de campismo, porque se isso tivesse acontecido, duvido que estivéssemos a discutir esta notícia porque ela não existiria, certamente.

- Poderemos e deveremos separar a praia da ilha de Tavira da ilha de Tavira? Não me parece, trata-se de um todo, de um complexo que não se divide – a praia localiza-se na ilha e contra isso nada a fazer.

E o que é que se passa na ilha de Tavira?

Tudo e nada! Tudo em termos da falta de respeito por aquele espaço e por aqueles que o frequentam e nada para contrariar esta situação.

Tenho muitas saudades da nossa ilha e da nossa praia. Um espaço alegre, divertido, descontraído e colorido. E agora o que temos?

1 - Onde está o colorido dos chapéus de sol e dos toldos que quebravam a monotonia da paisagem?
2 - Que foi feito do silêncio e da tranquilidade?
3 - Que foi feito do tractor que limpava a areia e que deixou de ser visto?
4 - Que foi feito do bom gosto e da excelente música ambiente que se ouvia no “Xiringuito” do ex-concessionário?
5 - Que foi feito dos funcionários da Câmara Municipal que inspeccionavam as passadeiras, as alinhavam e as substituíam quando estavam em mau estado?
6 - Que foi feito dos funcionários da Câmara Municipal que varriam as passadeiras pela manhã sem incomodar ninguém?
7 - Que foi feito da larga passadeira que ligava o cais à praia?
8 – Que foi feito dos Tavirenses e das famílias Tavirenses que montavam a sua tenda no primeiro dia em que o parque de campismo abria e as retiravam no último dia da época? O que foi feito da “Rua do Ouro” do parque de campismo, recordam-se? Que castiça e alegre era a “Rua do Ouro”!

Tanta coisa boa que acabou e das quais tenho saudades! E quem viveu e conheceu esta época, não tem? Em adolescente trabalhei durante um Verão na recepção do Parque de campismo ao abrigo do Programa OTL e que divertido era o parque de campismo e a ilha nessa altura.

9 – Num local onde há cada vez mais gente e possibilidade de confusão e conflitos, que foi feito dos agentes da GNR que patrulhavam a ilha no Verão e garantiam a segurança dos cidadãos?

10 – Que foi feito dos carrinhos silenciosos que os donos dos restaurantes utilizavam para transportar os produtos entre o cais e os restaurantes?

Parece-me que já fiz todas as perguntas mais pertinentes, ah falta uma: será que o aumento da carga humana na ilha de Tavira trouxe em igual proporção aumento da qualidade de vida e dos lucros dos proprietários dos restaurantes?

Se o pessoal da Lonely Planet tivesse conhecido a ilha de Tavira há alguns anos, duvido que a tivessem incluído agora nas 10 melhores praias do mundo. A quantidade aumentou, mas a qualidade diminuiu e isso deixa-me profundamente triste.

E agora vamos às respostas a algumas das perguntas que fiz:

1- Foram substituídos por chapéus de sol todos iguais e iguais ao que já existiam na área concessionada a poente. Mas que grande originalidade!...

2 – Foram substituídos por RUÍDO, muito RUÍDO. Num destes dias quase ao final da tarde, nem queria acreditar no que os meus ouvidos registaram. Antes havia só um bar na praia com música ambiente num volume aceitável, agora existem dois bares e cada um coloca a música o mais alto que pode, para ficar mais alto do que a do vizinho do lado. Verdadeiramente escandaloso, para além de que a música apropriada para passar só em discotecas e locais fechados e não em praias, onde as pessoas vão para descansar, relaxar, conversar, ler, etc., deixou-me literalmente almareada, com arritmia, indisposta e com dor de cabeça. É esta a praia aconselhada para as crianças com todo aquele ruído ensurdecedor? Gostaria de ver o que diria o pessoal da Lonely Planet!... Muito provavelmente colocavam esta praia na lista de praias a não frequentar com crianças. Pensando bem, acho que os devia alertar para esta situação, para que eles venham cá verificar “in loco” o erro que cometeram e vejam no que se transformou a ilha. Também não consigo perceber porque é que a Câmara autoriza e licencia tais atrocidades.

5- No outro dia pouco faltou para me magoar bastante num ferro que saía de uma passadeira e no qual ainda tropecei magoando-me um pouco no pé. No final da primeira passadeira colocaram agora um passadiço de madeira que estava com uma tábua solta, na qual alguém deve ter tropeçado porque a retirou e colocou ao lado, deixando a descoberto os dois parafusos traiçoeiros e perigosos onde alguém poderia espetar o pé. Nunca vi as passadeiras em tão mau estado de conservação, muito também por causa dos tractores que lhes passam por cima e as vão partindo, colocando os veraneantes expostos ao perigo de se poderem magoar gravemente. Estes funcionários da Câmara, que creio eram os mesmos que varriam as passadeiras fazem muita falta! Se bem que nessa altura não havia tractores a passar por cima das passadeiras que duravam bastante mais tempo.

6 – Foram substituídos pelos funcionários da Tavira-Verde, que agora em vez de utilizarem a vassoura utilizam um aparelho altamente ruidoso, para soprar a passadeira. E uma pessoa lá acorda, quer queira, que não queira, pouco depois das 08:00 que é quando eles começam a soprar e nós a soprar ficamos de irritação porque acordámos de forma violenta, sem opção de podermos dormir e descansar mais um pouco. Viva a tecnologia!...

7 – Foi estrangulada, os restaurantes avançaram até à passadeira e colocaram esplanadas no outro lado da passadeira, e ainda colocam as vitrinas expositoras com o peixe, chapéus de sol e toldos para fazer sombra às ditas e mais os “catrapázios” das ementas e nós lá vamos aos encontrões uns com os outros para nos desviarmos daquela parafernália toda. Excelente, não é? Para além de que é uma situação que respeita aqueles que utilizam a passadeira para chegarem á paria, no fundo a 125 lá do sítio.

8 – Foram “empurrados”, não davam lucro, eram residentes em Tavira e como tal tinham desconto sobre o preço de tabela. O espaço fazia falta para outras coisas, para ser rentabilizado, sim porque isso da qualidade de vida das populações residentes não interessa para nada! À “Agetav” interesa é o lucro, e aquele espaço não estava a ser bem rentabilizado. Para além disso, quanto menos Tavirenses melhor, queremos é os que vêem de fora, porque a esses não temos que fazer descontos!... Estarei a exagerar?????!!!!!.......

10 – Foram substituídos por tractores muito ruidosos, que andam por todo o lado a qualquer hora, sem horários definidos e sem respeitarem o trilho indicado para o efeito e que é, ao que sei, por detrás do parque de campismo. Naturalmente que estes veículos vieram facilitar em muito a vida dos proprietários dos restaurante, mas não abusem! Infelizmente não é o que se verifica, muitas vezes ouvem-se estes veículos de madrugada, sem qualquer respeito por quem está a descansar. E ninguém diz nada, ninguém se importa. “Laissez faire, laissez passer...” Salve-se quem puder, isto agora vale tudo!

Acham, que de facto, a distinção feita pela Lonely Planet, traduz o que se vive, actualmente, na ilha de Tavira? Corresponde de facto ao que na prática deveria acontecer? Quantas vezes é que eses senhores cá vieram fazer a avaliação, esta distinção representa uma estadia de quanto tempo e em que altura na ilha? Tanta dúvida! Mas que mau feitio o meu!...

Cumprimentos e reflictam sobre o que disse.

Noélia

3 comentários:

  1. E um pouco de tudo isso...eu lembro-me, ha muitos anos, (1979/1983) não havia luz electrica na ilha, eu com malta amiga na primeiro bar do lado direito, a telminho com a sua famosa guitarra, ligada a uma bateria, a dar um show inesquecivel....
    Eu e a malta da geração nascida nos anos 60...inolvidavel

    Cumprimentos

    José

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  2. A limpeza da olha, agora é feita quando interessa. E como este ano é de eleições, lá andavam eles todos os dias a limpar, coisa que não via há muito tempo.

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  3. sem duvida... que saudades.... era um dos habitantes da faosa rua do ouro na ilha de tavira... cresci naquela ilha ilha e durante os meses de verão nao tirava o pé da ilha... que saudades unicas... so por quem la passou e que sente saudades dos bons velhos tempos da ilha de tavira.....

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